Bônus a banco e mansão bloqueada marcam rombo bilionário na Faria Lima

Operações da Polícia Federal (PF), empresários correndo para se desfazer de mansão e apartamentos de luxo, um banco recebendo bônus milionário para vender papéis de empresas que naufragaram e um prejuízo de R$ 1,6 bilhão a investidores. Esse é o roteiro do mais recente rombo que abalou a Faria Lima, centro financeiro do país, em São Paulo.
Dois fundos vendidos a investidores profissionais e mais endinheirados pelo banco Credit Suisse, hoje incorporado ao UBS, derreteram e provocaram um tombo bilionário. O banco recebeu quase R$ 50 milhões de duas empresas de energia renovável pelas quais foi contratado para estruturar os fundos lastreados em suas ações. Em outra ponta, vendeu cotas desses fundos a investidores.
As empresas, que viriam a entrar em recuperação judicial e despencar em valor de mercado, tinham como sócio e fundador investigados por desvios, lavagem de dinheiro e envolvimento com doleiros, o que foi omitido pelo banco suíço aos investidores.
Quem acreditou no retorno dos fundos perdeu cifras milionárias.
Como funcionam os fundos
•    Os fundos de investimentos em questão são o Wave, estruturado para a emissão de debentures da empresa 2W, e o Solar, atrelado aos papéis da Rio Alto Energias Renováveis.
•    Os fundos e as empresas não têm qualquer relação entre si, mas guardam semelhanças essenciais. Ambos foram estruturados em 2021 pelo banco Credit Suisse, e vendidos a investidores da instituição financeira.
•    As duas empresas terminaram em recuperação judicial (e extrajudicial) e seus fundadores eram alvos de investigações da Polícia Federal.
•    Os fundos tinham como finalidade a venda de debêntures das empresas, que são títulos de dívida comercializados no mercado financeiro para capitalizar os projetos de energia renovável.
•    Nesse tipo de fundo, a empresa se capitaliza com os aportes de cotistas e se estabelece o prazo de alguns anos para o retorno dos investimentos.
•    Nessas operações, o banco atuou nas duas pontas. Em uma, ajudou a empresa a estruturar a venda de debêntures, com bônus caso o processo cumprisse metas a favor da empresa. Em outra, vendeu os fundos lastreados nessas companhias a seus clientes.
Fonte: metropoles.com